O resultado do Concurso de Desenho Verbal da Imagem, em homenagem a Manoel de Barros no centenário de seu nascimento, foi publicado no Diário Oficial. O objetivo do concurso foi revelar o pensamento, a sensibilidade e a criatividade dos estudantes de Ensino Médio do Estado sobre a poesia "O Menino Que Carregava Água na Peneira", de Manoel de Barros.
http://www.progresso.com.br/caderno-b/desenho-em-homenagem-a-manoel-de-barros
Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá (MT) no dia 19 de dezembro de 1916 e faleceu em 13 de novembro de 2014. Foi advogado, fazendeiro e poeta. O nome do blog é em homenagem ao primeiro livro publicado pelo poeta, em 1937.
quarta-feira, dezembro 07, 2016
FMB homenageia os 100 anos do poeta
No dia 16 de dezembro, um espetáculo de dança organizado pelos participantes do projeto Ativa Idade será realizado no auditório do Crea-MS, na rua Sebastião Taveira, 272 - Monte Castelo, a partir das 19h, com o tema Manoel de Barros 100 anos.
quarta-feira, novembro 30, 2016
Manoel de Barros e eu
Não saio de dentro de mim nem para pensar.
[Manoel de Barros]
Narciso
Uno-me tanto a mim, que sou todo verso que me devora: espectro.
[Solange Firmino]
sábado, outubro 15, 2016
Desfolhamentos
quarta-feira, outubro 12, 2016
Fragmentos de 'O homem de lata'
O homem de lata
arboriza por dois buracos
no rosto
O homem de lata
é armado de pregos
e tem natureza de enguia
…
O homem de lata
traz para a terra
o que seu avô
era de lagarto
o que sua mãe
era de pedra
e o que sua casa
estava debaixo de uma pedra
O homem de lata
é uma condição de lata
e morre de lata
…
“29 escritos para conhecimento do chão através de S. Francisco de Assis”
O chão viça do homem
no olho
do pássaro, viça
nas pernas
do lagarto
e na pedra
Na pedra
o homem empeça
de colear
Colear
advém de lagarto
e não incorre em pássaro…
O homem se arrasta
de árvore
escorre de caracol
nos vergéis
do poema
O homem se arrasta
de ostra
nas paredes
do mar
O homem
é recolhido como destroços
de ostras, traços de pássaros
surdos, comidos de mar
O homem
se incrusta de árvore
na pedra
do mar.
[Em Gramática expositiva do chão]
quarta-feira, setembro 28, 2016
Arte como Poesia, Educação como Política
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Foto tirada por mim: Entender é parede / procure ser árvore. |
Hoje veio no meio Facebook uma ótima lembrança. Há dois anos foi realizado no Museu da República o evento "ArvoreSer", com trechos de poemas de Manoel de Barros.
https://www.facebook.com/institutotear
http://institutotear.org.br
terça-feira, setembro 20, 2016
É HOJE!!!
Em celebração aos 100 anos do nascimento do poeta, o governo do
Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Secretaria de Cultura,
Turismo, Empreendedorismo e Inovação e da Fundação de Cultura, realiza o
projeto “Homenagem ao Poeta Manoel de Barros no Centenário de seu
Nascimento”.
O lançamento da programação desta homenagem acontece em 20 de
setembro, no Museu de Arte Contemporânea (Marco), às 19h, durante a
abertura oficial da Primavera dos Museus.
http://www.oestadoonline.com.br/2016/09/homenagem-ao-poeta-manoel-de-barros-sera-lancada-terca/
segunda-feira, setembro 19, 2016
quinta-feira, setembro 08, 2016
Formiga...
quarta-feira, setembro 07, 2016
Narciso - Eu e Manoel
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Narciso de Waterhouse |
“As palavras têm sedimentos. Têm boa cópia de lodo, usos do povo, cheiros de infância, permanências por antros, ancestralidades, bosta de morcegos etc. não vou encostar as palavras, etc. pois elas são meus espelhos. Sou o narciso delas”[Manoel de Barros]
Narcisista
Como
aprender a me achar
Sem
me perder?
O
reflexo não me explica,
Apenas
me consome
E
me prende.
Uno-me
tanto a mim
Que
meus átomos se juntam
Ao
meu reflexo.
Como
Narciso,
Acho-me
No
reverso, no inverso,
No
espectro que me devora.
Quando
me perco,
É
quando me encontro.
Solange Firmino
Paisagem
A
céu aberto,
O espelho líquido
Reflete a pedra.
Incrustada na própria
imagem,
A pedra faz-se dupla,
Fincada
na água.
Fosse a pedra
Narciso,
O lago não
seria tão fundo.
Solange Firmino
quinta-feira, setembro 01, 2016
Fragmentos da Insônia
domingo, agosto 28, 2016
II Mostra de Esculturas Monumentais na Praça Paris
A Mostra Rio de Esculturas Monumentais retorna com sua segunda
edição na Praça Paris, no bairro da Glória, e ficará até 25 de seteembro de 2016, com a participação de 17 artistas do Rio de
Janeiro e outros estados.
A iniciativa dá seguimento a sua primeira edição, realizada na Praça Paris em 2014.
Do artista Angelo Milani, de São Paulo, a instalação “Naveganças”, vem
atraindo grande atenção de adultos e crianças. A obra é inteiramente
interativa onde os visitantes podem entrar no interior da mesma,
confeccionada com refugos domésticos e industriais, com 36 m² de base e
5m de altura, conta também com trechos de 400 poesias plotadas em
espelhos automotivos, dos poetas Ferreira Gullar, Manoel de Barros,
Manuel Bandeira, Cora Coralina, entre outros.
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Do site Catraca Livre |
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Foto tirada por mim: Não uso computador para escrever. Sou metido. Sempre acho que na ponta de meu lápis tem um nascimento. | // O Homem que possui um pente e uma árvore servem para a poesia. |
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Foto tirada por mim: Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos. |
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Foto tirada por mim: Não gosto de palavra acostumada. |
sexta-feira, agosto 26, 2016
Soberania
Naquele dia, no meio do jantar, eu contei que
tentara pegar na bunda do vento — mas o rabo
do vento escorregava muito e eu não consegui
pegar. Eu teria sete anos. A mãe fez um sorriso
carinhoso para mim e não disse nada. Meus irmãos
deram gaitadas me gozando. O pai ficou preocupado
e disse que eu tivera um vareio da imaginação.
Mas que esses vareios acabariam com os estudos.
E me mandou estudar em livros. Eu vim. E logo li
alguns tomos havidos na biblioteca do Colégio.
E dei de estudar pra frente. Aprendi a teoria
das idéias e da razão pura. Especulei filósofos
e até cheguei aos eruditos. Aos homens de grande
saber. Achei que os eruditos nas suas altas
abstrações se esqueciam das coisas simples da
terra. Foi aí que encontrei Einstein (ele mesmo
— o Alberto Einstein). Que me ensinou esta frase:
A imaginação é mais importante do que o saber.
Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei
um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu
olho começou a ver de novo as pobres coisas do
chão mijadas de orvalho. E vi as borboletas. E
meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam
o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no
corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas
podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as
próprias asas. E vi que o homem não tem soberania
nem pra ser um bentevi.
Em "Memórias Inventadas - A Terceira Infância", Editora Planeta - São Paulo, 2008, tomo X, com iluminuras de Martha Barros.
segunda-feira, julho 18, 2016
Prefácio
Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) —
sem nome.
Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.
Insetos errados de cor caíam no mar.
A voz se estendeu na direção da boca.
Caranguejos apertavam mangues.
Vendo que havia na terra
Dependimentos demais
E tarefas muitas —
Os homens começaram a roer unhas.
Ficou certo pois não
Que as moscas iriam iluminar
O silêncio das coisas anônimas.
Porém, vendo o Homem
Que as moscas não davam conta de iluminar o
Silêncio das coisas anônimas —
Passaram essa tarefa para os poetas.
quarta-feira, junho 22, 2016
O livro sobre nada
É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.
Tudo que não invento é falso.
Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
Tem mais presença em mim o que me falta.
Melhor jeito que achei pra me conhecer foi fazendo o contrário.
Sou muito preparado de conflitos.
Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
O meu amanhecer vai ser de noite.
Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção.
O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo.
Meu avesso é mais visível do que um poste.
Sábio é o que adivinha.
Para ter mais certezas tenho que me saber de imperfeições.
A inércia é meu ato principal.
Não saio de dentro de mim nem pra pescar.
Sabedoria pode ser que seja estar uma árvore.
Estilo é um modelo anormal de expressão: é estigma.
Peixe não tem honras nem horizontes.
Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas quando não desejo contar nada, faço poesia.
Eu queria ser lido pelas pedras.
As palavras me escondem sem cuidado.
Aonde eu não estou as palavras me acham.
Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
Uma palavra abriu o roupão pra mim. Ela deseja que eu a seja.
A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.
Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
Esta tarefa de cessar é que puxa minhas frases para antes de mim.
Ateu é uma pessoa capaz de provar cientificamente que não é nada. Só se compara aos santos. Os santos querem ser os vermes de Deus.
Melhor para chegar a nada é descobrir a verdade.
O artista é erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.
Por pudor sou impuro.
O branco me corrompe.
Não gosto de palavra acostumada.
A minha diferença é sempre menos.
Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria.
Não preciso do fim para chegar.
Do lugar onde estou já fui embora.
quinta-feira, junho 09, 2016
O fazedor de amanhecer

Sou leso em tratagens com máquina.
Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
3 máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono.
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência.
sábado, maio 14, 2016
Prefácio
Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) —
sem nome.
Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.Insetos errados de cor caíam no mar.
A voz se estendeu na direção da boca.
Caranguejos apertavam mangues.
Vendo que havia na terra
Dependimentos demais
E tarefas muitas —
Os homens começaram a roer unhas.
Ficou certo pois não
Que as moscas iriam iluminar
O silêncio das coisas anônimas.
Porém, vendo o Homem
Que as moscas não davam conta de iluminar o
Silêncio das coisas anônimas —
Passaram essa tarefa para os poetas.
Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.Insetos errados de cor caíam no mar.
A voz se estendeu na direção da boca.
Caranguejos apertavam mangues.
Vendo que havia na terra
Dependimentos demais
E tarefas muitas —
Os homens começaram a roer unhas.
Ficou certo pois não
Que as moscas iriam iluminar
O silêncio das coisas anônimas.
Porém, vendo o Homem
Que as moscas não davam conta de iluminar o
Silêncio das coisas anônimas —
Passaram essa tarefa para os poetas.
sexta-feira, maio 13, 2016
Tratado geral das grandezas do ínfimo
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.
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