segunda-feira, julho 18, 2016

Prefácio



Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) —
sem nome.
Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.
Insetos errados de cor caíam no mar.
A voz se estendeu na direção da boca.
Caranguejos apertavam mangues.
Vendo que havia na terra
Dependimentos demais
E tarefas muitas —
Os homens começaram a roer unhas.
Ficou certo pois não
Que as moscas iriam iluminar
O silêncio das coisas anônimas.
Porém, vendo o Homem
Que as moscas não davam conta de iluminar o
Silêncio das coisas anônimas —
Passaram essa tarefa para os poetas.

3 comentários:

Graça Pires disse...

"Porém, vendo o Homem
Que as moscas não davam conta de iluminar o
Silêncio das coisas anônimas —
Passaram essa tarefa para os poetas."
Maravilhoso!

Gostei mais uma vez do poema que deixou no meu "Ortografia". Não será melhor publicar os poemas no seu blog para que todos os leiam?
Um beijo.

Graça Pires disse...

Manoel de Barros. Sempre tão bom lê-lo...
Um beijo.

Anônimo disse...

Acabei de descobrir seu blog e já estou seguindo. Amo demais esse nosso poeta menino Manoel. Um bom final de semana!