Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá (MT) no dia 19 de dezembro de 1916 e faleceu em 13 de novembro de 2014. Foi advogado, fazendeiro e poeta. O nome do blog é em homenagem ao primeiro livro publicado pelo poeta, em 1937.
quinta-feira, dezembro 24, 2020
Poema de Natal
Eu já postei esse poema, mas este ano ele é muito necessário, pelo isolamento dos idosos e por todos os familiares perdidos para a covid. Que o próximo ano seja mais esperançoso.Meu abraço e a luz de Manoel de Barros.
"Meu avô hoje ganhou de presente um olhar de pássaro
Acho que ele vai usar esse olhar para fazer as suas artes
O mundo para ele anda muito cansado
Ele quer mudar o jeito das coisas do mundo
Por exemplo ele vai dar primavera aos vermes
O homem não vai mais fabricar armas de fogo
Só vai ter mesmo rio, árvores, o sol, bichos, pedras
Ele vai desenhar a sua voz nas pedras
Os grilos vão se abrir no meio da noite com enormes lírios
Todo mundo vai gostar mesmo é de obedecer as falas das crianças
Do que as ordens gramaticais
Os sapos vão andar de bicicleta
Depois vamos assistir ao nascimento de Jesus
Será o Natal
E todos vamos adotar as boas falas do filho de Deus
Amar o próximo como a nós mesmos
Então o mundo será renovado!”
sábado, dezembro 19, 2020
quinta-feira, dezembro 17, 2020
Ruína - por Odilon Esteves
Já havia posto esse ano a Maria Bethânia recitando esse poema. O poema também está na postagem. Mas o vídeo do Odilon Esteves está legendado. Achei interessante outra leitura. Aliás, existem várias...
terça-feira, dezembro 08, 2020
A natureza era inocente
Aquele homem falava com as árvores e com as águasao jeito que namorasse.
Todos os dias
ele arrumava as tardes para os lírios dormirem.
Usava um velho regador para molhar todas as
manhãs os rios e as árvores da beira.
Dizia que era abençoado pelas rãs e pelos
pássaros.
A gente acreditava por alto.
Assistira certa vez um caracol vegetar-se
na pedra.
mas não levou susto.
Porque estudara antes sobre os fósseis linguísticos
e nesses estudos encontrou muitas vezes caracóis
vegetados em pedras.
Era muito encontrável isso naquele tempo.
Até pedra criava rabo!
A natureza era inocente.
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