sexta-feira, janeiro 28, 2022

quinta-feira, janeiro 13, 2022

Manoel de Barros é vetado no Enem...


Poeta Manoel de Barros foi vetado do Enem por "contrariar" trecho da Bíblia 


Documentos sobre a elaboração da prova de 2019 mostram 66 questões excluídas 


Por Ângela Kempfer | 18/11/2021 


Após 2 anos, quem luta para enfrentar o Enem descobre que um dos conteúdos mais exigidos durante a preparação já foi boicotado da prova. Documentos divulgados agora mostram que em 2019 houve censura à poesia de Manoel de Barros no Exame Nacional do Ensino Médio. 

A questão surgiu de “O Livro das Ignorãças”. Contrariando a Bíblia, Manoel escreveu: “No descomeço era o verbo”, uma oposição a “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus (João 1:1-4)”. 

Na justificativa dos censores, usar tal verso “fere sentimento religioso e a liberdade de crença.” 

(...)

Para educadores, Manoel é um dos 15 escritores mais citados em provas do Enem e vestibulares por “desenvolver uma poética singular, marcada por narrativas alegóricas, que transparecem nas imagens construídas ao longo do texto... transitam entre o sonho e a racionalidade, características singulares que fizeram dele um dos maiores poetas brasileiros”.

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Quem quiser passar pela página cheia de pop-ups:


CRÉDITO: CAMPO GRANDE NEWS

domingo, janeiro 09, 2022

A natureza e seus fragmentos

 


Na fonte da poesia de Manoel de Barros existe uma relação de promiscuidade com a natureza – tanto a das palavras quanto a das plantas e dos bichos (inclusive os humanos, sobretudo os rasteiros). 


No entanto, o mundo que lemos nos versos do poeta parece filtrado por um olhar infantil, desacostumado: brincando com os termos e as normas da língua, Manoel ia derrubando as paredes entre espécies, gêneros, famílias, reinos. “Desaprender oito horas por dia ensina os princípios”, escreveu ele em O Livro das Ignorãças (1993). 

Como, então, um cientista lê os versos do autor? As diferentes formas de encarar a natureza – e de se encantar com ela – se excluem? 

Neste vídeo, a questão é pensada por quatro biólogos: Bruss Lima, que estuda as atividades cerebrais de primatas não humanos; Carlos Hotta, cujas pesquisas se concentram no relógio biológico das plantas; Hugo Aguilaniu, especialista em genética do envelhecimento e diretor-presidente do Instituto Serrapilheira; e Nurit Bensusan, que atua no campo das políticas públicas para a conservação da biodiversidade e escreve livros dedicados à popularização das ciências. 


* Depoimentos gravados entre outubro e novembro de 2018, em São Paulo/SP e no Rio de Janeiro/RJ.