terça-feira, outubro 20, 2015

Dia do Poeta - 20 de outubro

Um dos versos de que mais gosto desse poeta maravilhoso:

"Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira."

terça-feira, outubro 13, 2015

“O Tempo só anda de ida.
A gente nasce, cresce, envelhece e morre.
Pra não morrer
É só amarrar o Tempo no Poste.
Eis a ciência da poesia:
Amarrar o Tempo no Poste!”


[Manoel de Barros, em entrevista a Bosco Martins, 2007]

sexta-feira, outubro 09, 2015

Peça teatral "O delírio do verbo"

Estreou em outubro no Rio de Janeiro, no Teatro Cândido Mendes, e fica em cartaz até dezembro.


Link no youtube com trechos da peça: https://www.youtube.com/watch?t=48&v=6evkyDUqEsI

Há uma página no facebook para acompanhar o trabalho do ator Jonas Bloch com a peça, baseada na obra de Manoel de Barros:
 https://www.facebook.com/odeliriodoverbo


quarta-feira, outubro 07, 2015

Dia da Criança - Manoel por Manoel


Eu tenho um ermo enorme dentro do olho. Por motivo do ermo não fui um menino peralta. Agora tenho saudade do que não fui. Acho que o que faço agora é o que não pude fazer na infância. Faço outro tipo de peraltagem. Quando eu era criança eu deveria pular muro do vizinho para catar goiaba. Mas não havia vizinho. Em vez de peraltagem eu fazia solidão. Brincava de fingir que pedra era lagarto. Que lata era navio. Que sabugo era um serzinho mal resolvido e igual a um filhote de gafanhoto.
Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação.
Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas. Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina. É um paradoxo que ajuda a poesia e que eu falo sem pudor. Eu tenho que essa visão oblíqua vem de eu ter sido criança em algum lugar perdido onde havia transfusão da natureza e comunhão com ela. Era o menino e os bichinhos. Era o menino e o sol. O menino e o rio. Era o menino e as árvores.

(Manoel de Barros - Memórias inventadas)