segunda-feira, agosto 26, 2019

Beethoven e o erro perfeito

"Beethoven é um erro perfeito." Logo, o erro é a perfeição. O artista é um doente, não é um homem normal. É sempre um psicótico, tem um desvio de sensibilidade, algo assim. Minha principal qualidade literária é minha visão torta do mundo - logo, minha principal qualidade literária é minha doença. Escrever que "Beethoven é um erro perfeito" é uma ideia torta, não é? 

Escrever que "o silêncio do mar é azul" também é uma ideia torta, porque silêncio não tem cor. E, no entanto, eu escrevi isso e as pessoas consideram. Todo artista tem um desvio linguístico e é ele que forma seu estilo.


(Conversa com José Castello)

sábado, agosto 10, 2019

O canto dos pássaros e a despalavra


Antes das palavras vem o canto puro, sem sentido, que é aquilo que está no bico
dos pássaros. 
O canto é ágrafo, não admite escrita. 
Só depois dele é que as
palavras aparecem. 
Existe uma continuidade entre o canto dos pássaros e as
palavras humanas. 
O canto dos pássaros é uma "despalavra".

(Em entrevista a José Castello)