terça-feira, outubro 05, 2021

Os deslimites das palavras

 


Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu
destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas.

2 comentários:

J.P. Alexander disse...

Bello y reflexivo poema . Te mando un beso

Graça Pires disse...

Por todo o vazio que nos cerca, sabemos que a nossa independência tem algemas. Não somos livres porque a própria vida não nos consente que o sejamos completamente. É sempre uma inspiração ler o nosso poeta.
Cuida-te bem.
Uma boa semana.
Um beijo.