sexta-feira, agosto 06, 2021

A voz do meu pai

 



Abro os olhos.

Não vejo mais meu pai.
Não ouço mais a voz de meu pai.
Estou só. Estou simples.
Não como essa poderosa voz da terra
com que me estás chamando, pai —
porque as cores se misturam
em teu filho ainda
e a nudez e o despojamento
não se fizeram em seu canto;
mas, simples por só acreditar
que com meus passos incertos
eu governo a manhã
feito os bandos de andorinha
nas frondes do ingazeiro.

Um comentário:

J.P. Alexander disse...

Bello poema para reflexionar te mando un beso