Foto: Paulo Francis - 2020
Entretanto padeço de lonjuras.
Desde criança minha mãe portava essa doença.
Ela que me transmitiu.
Depois meu pai foi trabalhar num lugar que dava essa doença nas pessoas.
Era um lugar sem nome nem vizinhos.
Diziam que ali era a unha o dedão do pé do fim do mundo.
A gente crescia sem ter outra casa ao lado.
No lugar só constavam pássaros, árvores, o rio e os seus peixes.
Havia cavalos sem freios dentro dos matos cheios
de borboletas nas costas.
O resto era só distância.
A distância seria uma coisa vazia que a gente portava no olho
E que meu pai chamava exílio.
6 comentários:
Tropeçar no exílio todos os dias é aprender a chorar nos próprios ombros, Sol.
Um belo poema!
Abraços, Sol!
Bello y triste poema dejar a quien amas debe ser muy doloroso. Te mando un beso
O ser humano, na sua essência, lida mal com a distância.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes
Bello poema te hace pensea
Sei, como o nosso poeta, o que é padecer de lonjuras...
Cuida-te minha Amiga.
Uma boa semana.
Um beijo.
Viver no mundo...e afastado dele!
Não consigo imaginar como será...
Uma boa semana!
Abraço!
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