Fomos rever o poste.
O mesmo poste de quando a gente brincava de
pique e de esconder.
Agora ele estava tão verdinho!
O corpo recoberto de limo e borboletas.
Eu quis filmar o abandono do poste.
O seu estar parado.
O seu não ter voz.
O seu não ter sequer mãos para se pronunciar
com as mãos.
Penso que a natureza o adotara em árvore.
Porque eu bem cheguei de ouvir arrulos de
passarinhos
que um dia teriam cantado entre as suas
folhas.
Tentei transcrever para flauta a ternura dos
arrulos.
Mas o mato era mudo.
Agora o poste se inclina para o chão como
alguém
que procurasse o chão para repouso.
Tivemos saudades de nós.
(Em Poemas rupestres)
2 comentários:
Que bom ver a poesia
Partilhada como a tua!...
Esse poste de tua rua
Que a tua alma alumia
É divinal e algum dia
O tempo o removerá
Fisicamente, mas lá
Ficará eternamente
Tudo que tua alma sente
E é imortal, desde já!
Beijos! Deus seja louvado! Abraço fraterno. Laerte.
Triste poema te mando un beso
Enamorada de las letras
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