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Narciso de Waterhouse |
“As palavras têm sedimentos. Têm boa cópia de lodo, usos do povo, cheiros de infância, permanências por antros, ancestralidades, bosta de morcegos etc. não vou encostar as palavras, etc. pois elas são meus espelhos. Sou o narciso delas”[Manoel de Barros]
Narcisista
Como
aprender a me achar
Sem
me perder?
O
reflexo não me explica,
Apenas
me consome
E
me prende.
Uno-me
tanto a mim
Que
meus átomos se juntam
Ao
meu reflexo.
Como
Narciso,
Acho-me
No
reverso, no inverso,
No
espectro que me devora.
Quando
me perco,
É
quando me encontro.
Solange Firmino
Paisagem
A
céu aberto,
O espelho líquido
Reflete a pedra.
Incrustada na própria
imagem,
A pedra faz-se dupla,
Fincada
na água.
Fosse a pedra
Narciso,
O lago não
seria tão fundo.
Solange Firmino
2 comentários:
Gostei muito. Tenho um parecido.
O meu poema:
ESTADO DE SÍTIO
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Se permanentemente me fujo
e combato:
Quando é que sou?
Se serei já outro,
Quando porventura me responder:
Quando é que sou?
Se sou tantos e tantos outros,
Que jamais poderei julgar alguém,
sem me condenar também:
Diz-me, ó Céu, Quando é que sou?
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