quinta-feira, junho 04, 2020

Solitário



Os muros enflorados caminhavam ao lado de um
homem solitário
Que olhava fixo para certa música estranha
Que um menino extraía do coração de um sapo.

Naquela manhã dominical eu tinha vontade de sofrer
Mas sob as árvores as crianças eram tão comunicativas

Que me faziam esquecer de tudo
Olhando os barcos sobre as ondas…
No entanto o homem passava ladeado de muros! 
E eu não pude descobrir em seu olhar de morto
O mais pequeno sinal de que estivesse esperando alguma dádiva!

Seu corpo fazia uma curva diante das flores.


 

*No livro "Face imóvel" 

Um comentário:

Graça Pires disse...

Com Manoel de Barros só dá para dizer. Que maravilha!
Um beijo, minha Amiga Solange.