domingo, julho 09, 2017

PÊSSEGO


Proust
Só de ouvir a voz de Albertine entrava 
em orgasmo. Se diz que:
O olhar de voyeur tem condições de phalo 
(possui o que vê).
Mas é pelo tato 
Que a fonte do amor se abre.
Apalpar desabrocha o talo.
O tato é mais que o ver 
E mais que o ouvir
E mais que o cheirar.       
E pelo beijo que o amor se edifica.
É no calor da boca 
Que o alarme da carne grita.
E se abre docemente 
Como um pêssego de Deus.


(Poemas Ruprestes, In  Poesia Completa, São Paulo: Leya, 2010, p. 315)

Um comentário:

Graça Pires disse...

Um poema tão fantástico, Solange. Obrigada pela partilha.
Um beijo.